Das retóricas do moderno nacional ao reconhecimento de Brasília como patrimônio cultural

Autores

  • Alba Nélida de Mendonça Bispo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
  • Ana Clara Giannecchini Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

DOI:

https://doi.org/10.24220/2318-0919v12n1a2717

Resumo

A proposta deste artigo é compreender como e quando a arquitetura moderna emerge como patrimônio cultural no Brasil, a partir da identificação de diferentes discursos e atuações do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado em 1937, correspondente ao atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Algumas hipóteses sugerem que o reconhecimento da arquitetura moderna como patrimônio cultural está diretamente relacionado aos seguintes fatores: a busca de afirmação da arquitetura moderna como linguagem oficial na chamada “Era Vargas”; a presença de intelectuais modernos naquele Instituto; a necessidade de autoconsagração dos arquitetos modernos, ao preservar suas próprias obras; a emergência de preservação de obras significativas como ícones da arquitetura moderna brasileira. Nesse contexto, é possível identificar diferentes argumentações que buscam legitimar a preservação de exemplares da arquitetura moderna brasileira como patrimônio nacional: retórica de afirmação do moderno nacional; retórica da consagração; retórica da perda; retórica estética versus critério de ancianidade. Essas diferentes argumentações podem ser identificadas na atuação de intelectuais que promoveram as primeiras ações de preservação do patrimônio moderno brasileiro, sobretudo através de tombamentos, como nos casos da Igreja de São Francisco de Assis da Pampulha (tombada em 1947) e da Catedral Metropolitana de Brasília (tombada em 1967). Como contraponto temporal e conceitual, aborda-se o caso do tombamento do Plano Piloto de Brasília (em 1990), correspondente a uma etapa posterior de atuação do Instituto, na qual se diluem os discursos anteriormente formulados, dando espaço a novas argumentações no processo de reconhecimento do valor cultural da arquitetura e do urbanismo modernos.

PALAVRAS-CHAVE: Arquitetura moderna. Arquitetura nacional. Brasília. Patrimônio cultural.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alba Nélida de Mendonça Bispo, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional | Escritó‑ rio Técnico de Tiradentes | R. da Câmara, 124, Centro, Tiradentes, MG, Brasil | Correspondência para/Correspondence to: A.N.M. BISPO

Ana Clara Giannecchini, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional | Assessoria de Relações Internacionais | Brasília, DF, Brasil.

Referências

ANDRADE JUNIOR, N.V.; ANDRADE, M.R.C.; FREIRE, R.N.C. O IPHAN e os desafios da preservação

do patrimônio moderno: a aplicação na Bahia do Inventário Nacional da Arquitetura, Urbanismo

e Paisagismo Modernos. In: Seminário Docomomo Brasil, 8., 2009, Rio de Janeiro. Anais

eletrônicos… Rio de Janeiro: Docomomo Brasil, 2009. p.1‑28. Disponível em: <http://www.doco‑

momo.org.br/seminario 8 pdfs/142.pdf>. Acesso em: 30 set. 2011.

BRASIL. Governo do Distrito Federal. Decreto nº 10.829, de 14 de outubro de 1987. Regulamenta

O Art. 38 da Lei N° 3.751 de 13 de Abril de 1960, no que se refere à preservação da concepção

urbanística de Brasília. Diário Oficial do Distrito Federal, Brasília, DF, 23 out. 1987.

CAMPOFIORITO, Í. Brasília revisitada. Revista Eletrônica do IPHAN, v.2, n.1, 2005. Disponível em:

<http://labjor.unicamp.br/patrimonio/print.php?id=101>. Acesso em: 29 set. 2011.

CARVALHO, C.S.R. Preservação da arquitetura moderna: edifícios de escritórios no Rio de Janeiro

construídos entre 1930 - 1960. 2005. Tese (Doutorado) — Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

CAVALCANTI, L. Quando o Brasil era moderno: guia de arquitetura 1928‑1960. Rio de Janeiro:

Aeroplano, 2001.

COSTA, L. Brasília revisitada, 1985‑1987: complementação, preservação, adensamento e expansão

urbana. In: LEITÃO, F. (Org.). Brasília 1960 2010: passado, presente e futuro. Brasília: Secretaria

de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, 2009. p.69‑77.

FONSECA, M.C.L. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil.

Rio de Janeiro: Iphan, 2005.

GONÇALVES, J.R.S. A retórica da perda: os discursos do patrimônio cultural no Brasil. Rio de Janeiro:

UFRJ, 2002.

PESSÔA, J. Lucio Costa: documentos de trabalho. Rio de Janeiro: Iphan, 1999.

PESSÔA, J. et al. (Org.). Moderno e nacional. Niterói: UFF, 2006.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Arquivo Noronha Santos.

Disponível em: <http://www.iphan.gov.br/ans/inicial.htm>. Acesso em: 30 set. 2012.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Processo nº 1305‑T‑90:

dossiê de tombamento do conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Brasília. Brasília:

Arquivo da Superintendência do Distrito Federal, 1990. 1 CD-ROM.

RUBINO, S. O mapa do Brasil passado. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: Cidada‑

nia, v.1, n.24, p.97‑105, 1996.

SEGAWA, H. Arquiteturas no Brasil 1900‑1990. 2.ed. São Paulo: Edusp, 1999. 224p.

Downloads

Publicado

2015-01-27

Como Citar

Bispo, A. N. de M., & Giannecchini, A. C. (2015). Das retóricas do moderno nacional ao reconhecimento de Brasília como patrimônio cultural. Oculum Ensaios, 12(1), 127–139. https://doi.org/10.24220/2318-0919v12n1a2717