Desenvolvimento urbano sustentável: de paradigma a mito

Authors

  • André Luiz Prado Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.24220/2318-0919v12n1a2714

Keywords:

Cidades sustentáveis. Conflitos socioambientais urbanos. Desenvolvimento urbano sustentável. Modernização ecológica.

Abstract

O artigo discute o paradigma do “desenvolvimento urbano sustentável” e das “cidades sustentáveis”, analisando epistemologicamente o conceito mais amplo de “desenvolvimento sustentável” do qual eles derivaram. Através de uma revisão quanto às origens desse conceito e do contexto em que isso ocorreu, são assinalados alguns pontos chave para uma discussão sobre o que está por trás da construção desse modelo para o planejamento das cidades: a quem ele serve e para quais propósitos. As discussões ambientais urbanas se veem cada vez mais obstruídas pela chegada desses conceitos, dentro dos círculos acadêmicos e fora deles. As disputas ideológicas e disciplinares que foram criadas com a tentativa forçada de convergência trazida por esses conceitos são solucionadas pela adoção de uma crescente imprecisão que eles carregam, de modo a não comprometer seu caráter consensualista. Por outro lado, as disputas políticas na cidade são desmontadas com a ajuda desses conceitos, já que eles serão capazes de garantir os recursos para as gerações futuras, equilibrando os interesses econômicos, ambientais e sociais, constituindo assim uma ideia capaz de desmontar todas as resistências e colocar-se como mito salvador.

PALAVRAS-CHAVE: Cidades sustentáveis. Conflitos socioambientais urbanos. Desenvolvimento urbano sustentável. Modernização ecológica.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

André Luiz Prado, Universidade Federal de Minas Gerais

Universidade Federal de Minas Gerais | Escola de Arquitetura | Departa‑ mento de Projetos | R. Paraíba, 697, Funcionários, 30130‑140, Belo Horizonte, MG, Brasil

References

ACSELRAD, H. Discursos da sustentabilidade urbana. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regio‑

nais, n.1, p.79‑90, 1999.

ACSELRAD, H. Justiça ambiental: novas articulações entre meio ambiente e democracia. In: Instituto

Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. Movimento sindical e defesa do meio ambiente: o debate

Internacional. Rio de Janeiro: Arte Maior, 2000. p.7‑12. (Série Sindicalismo e Justiça Ambiental, v.3).

ACSELRAD, H. As práticas espaciais e o campo dos conflitos ambientais. In: ACSELRAD, H. (Org.).

Conflitos ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004. p.13‑35.

ACSELRAD, H. Sentidos da sustentabilidade urbana. In: ACSELRAD, H. (Org.). A duração das cida‑

des: sustentabilidade e risco nas políticas urbanas. 2.ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009. p.43‑70.

ACSELRAD, H.; MELLO, C.C.A.; BEZERRA, G.N. O que é justiça ambiental. Rio de Janeiro: Gara‑

mond, 2009.

BARBIER, E.. The concept of sustainable economic development. Environmental Conservation,

v.14, n.2, p.101‑110, 1987.

BEZERRA, G.N. Consensualismo e localismo na competição interterritorial: a experiência da

Agenda 21 no Estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v.7, n. 1,

p.91‑109, 2005.

BUENO, L.M.M. Cidades e mudanças climáticas no Brasil: planejamento de medidas ou estado de

risco? Sustentabilidade em Debate, v.2, n.1, p.81‑97, 2011.

CARNEIRO, E.J. A oligarquização da “política ambiental” mineira. In: ZHOURI, A.; LACHEFSKY, K.;

PEREIRA, D. (Org.). A insustentável leveza da política ambiental. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

p.65‑88.

COSTA, H.S.M. Desenvolvimento urbano sustentável: uma contradição em termos? Revista Brasi‑

leira de Estudos Urbanos e Regionais, v.2, n.2, p.55‑71, 2000.

COSTA, H.S.M. Meio ambiente e Desenvolvimento: um convite à leitura. In: HISSA, C.E.V. (Org.).

Saberes ambientais: desafios para o conhecimento disciplinar. Belo Horizonte: Editora UFMG,

p.79‑107.

COSTA, H.S.M. Mercado imobiliário, estado e natureza na produção do espaço metropolitano. In:

COSTA, H.S.M. et al. (Org.). Novas periferias metropolitanas. Belo Horizonte: Editora C/Arte, 2006.

p.101‑124.

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum.Rio

de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1992.

ESCOBAR, A. Constructing nature: Elements for a postestructural ecology. In: PEET, R.; WATTS,

M. (Ed.). Liberation ecologies: Environment, development, social movements. London: Routledge,

p.46‑68.

HOUAISS, A.; VILLAR, M.S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

LEFF, E. El movimiento ambiental y la democracia en América Latina. In: LEFF, E. Ecologia y capital:

racionalidad ambiental, democracia participativa y desarrollo sustentable. Mexico: Siglo Veintiuno

Editores, 1994. p.366‑389.

LYNCH, B.D. Instituições Internacionais para a proteção ambiental: suas implicações para a justiça

ambiental em cidades latino americanas. In: ACSELRAD, H. (Org.). A duração das cidades: a susten‑

tabilidade e o risco nas políticas urbanas. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. p.57‑82.

McHARG, I.L. Design with nature. New York: John Wiley & Sons, 1992.

MEADOWS, D.H. et al. The limits do growth. New York: Universe Books, 1972.

MONTE‑MÓR, R.L. Planejamento urbano no Brasil: emergência e consolidação. Etc… Espaço,

Tempo e Crítica, v.1, n.1, p.71‑95, 2007.

MONTIBELLER‑FILHO, G. O mito do desenvolvimento sustentável: meio ambiente e custos sociais

no moderno sistema produtor de mercadorias. Florianópolis: Editora da UFSC, 2001.

OLIVEIRA, F.L. Sustentabilidade e Competitividade: a agenda hegemônica para as cidades do sé‑

culo XXI. In: ACSELRAD, H. (Org.). A duração das cidades: a sustentabilidade e o risco nas políticas

urbanas. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. p.177‑202.

PEET, R.; WATTS, M. Liberating ecology: Development, sustainability, and enviroment in na age of

market triumphalism. In: PEET, R.; WATTS, M.l. (Ed.). Liberation ecologies: Environment, develop‑

ment, social movements. London: Routledge, 1996. p.1‑45.

ROLNIK, R. Cidades feitas para excluir. Carta Capital, n.0512, Entrevista, São Paulo, set., 2008. Dispo‑

nível em: <http://www.ecodebate.com.br/2008/09/09/cidades‑feitas‑para‑excluir‑entrevista‑com‑ra‑

quel‑rolnik‑relatora‑especial‑da‑onu‑para‑assuntos‑de‑moradia/>. Acesso em: 23 out. 2013.

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI. In: BURSZTYN, M. (Org.). Para pensar o desen‑

volvimento sustentável. São Paulo: Brasiliense, 1993. p.29‑56.

SOUZA, M.L. O desafio metropolitano: um estudo sobre a problemática sócio‑espacial nas metrópo‑

les brasileiras. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

VALE, B., VALE, R. The autonomous house. New York: Universe Books, 1975.

VIOLA, E.J.; LEIS, H.R. A evolução das políticas ambientais no Brasil, 1971‑1991: do bissetoria‑

lismo preservacionista para o multissetorialismo orientado para o desenvolvimento sustentável. In:

HOGAN, D.J.; VIEIRA, P.F. (Org.). Dilemas socioambientais e desenvolvimento sustentável. Campinas:

Unicamp, 1992. p. 73‑102.

Published

2015-01-27

How to Cite

Prado, A. L. (2015). Desenvolvimento urbano sustentável: de paradigma a mito. Oculum Ensaios - ISSNe 2318-0919, 12(1), 83–97. https://doi.org/10.24220/2318-0919v12n1a2714