A prática médica no Sistema Único de Saúde: quando uma atividade de trabalho pede socorro

Autores

  • Luiz Gonzaga CHIAVEGATO FILHO Universidade Federal de São João Del-Rei, Departamento de Psicologia.

Palavras-chave:

Médicos, Saúde do trabalhador, Sistema único de saúde

Resumo

As mudanças ocorridas no universo do trabalho na contemporaneidade atingiram diferentes categorias de trabalhadores, assalariados ou não. Isso alterou de forma marcante a organização e as condições de trabalho, tornando-as mais precárias. O trabalho do médico não escapou a essa lógica. Este artigo é fruto de uma pesquisa qualitativa que objetivou investigar a prática médica no Sistema Único de Saúde de Jaguariúna, São Paulo. Os dados levantados revelam a degradação da atividade de trabalho desses profissionais, motivada pela ausência de um coletivo de trabalho, pelo empobrecimento da identidade profissional e pela vivência de uma atividade contrariada, condições derivadas das mudanças apontadas acima. Entre os principais problemas de saúde associados estão a hipertensão e os transtornos mentais comuns.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Barbosa, G. A., Andrade, E. O., Carneiro, M. B., & Gouveia, V. V. (Orgs.). (2007). A saúde dos médicos no Brasil. Brasília: Conselho Federal de Medicina.

Batista, M., & Rabelo, L. (2013). Imagine que eu sou seu sósia: aspectos técnicos de um método em clínica da atividade. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 16(1), 1-8.

Braga, L. C., Carvalho, L. R., & Binder, M. C. P. (2010). Condições de trabalho e transtornos mentais comuns em trabalhadores da rede básica de saúde de Botucatu (SP). Ciência & Saúde Coletiva, 15(1), 1585-1596.

Brooks, S. K., Gerada, C., & Chalder, T. (2011). Review of literature on the mental health of doctors: Are specialist services needed? Journal of Mental Health, 20(2), 146-156.

Cabana, M. C. F. L., Ludermir, A. B., Silva, E. R., Ferreira M. L., & Pinto, M. E. R. (2007). Transtornos mentais comuns em médicos e seu cotidiano de trabalho. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 1(56), 33-40.

Campos, G. W. S. (2010). Cogestão e neoartesanato: elementos Mconceituais para repensar o trabalho em saúde combinando responsabilidade e autonomia. Ciência & Saúde Coletiva, 15(5), 2337-2344.

Canguilhem, G. (1978). O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense-Universitária.

Chanlat, J. F. (2002). O gerencialismo e a ética do bem comum: a questão da motivação para o trabalho nos serviços públicos. In Anais do VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal. Recuperado em agosto 6, 2010, de http://unpan1.um.org/intradoc/groups/public/documents/CLAD/clad0043316.pdf

Clot, Y. (2006). A função psicológica do trabalho. Petrópolis: Vozes.

Clot, Y. (2007). Trabalho e sentido do trabalho. In: Falzon, P. (Org.), Ergonomia (pp.265-280). São Paulo: Blucher.

Clot, Y. (2010). Trabalho e o poder de agir. Belo Horizonte: Fabrefactum.

Clot, Y. (2011). Clínica do trabalho e clínica da atividade. In P. F. Bendassolli & L. A. Sobboll (Orgs.), Clínicas do trabalho: novas perspectivas para a compreensão do trabalho na atualidade (pp.71-83). São Paulo: Atlas.

Clot, Y. (2013). O ofício como operador de saúde. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 16(Esp.), 1-11.

England. Department of Health. (2008). Mental health and ill health in doctors. London: Department of Health.

Fernández, G., & Clot, Y. (2010). Entrevistas en autoconfrontación: Un método en clínica de la actividad. Informática na Educação: Teoria & Prática, 13(1), 11-16.

Fontanella, B. J. B., Ricas, J., & Turato, E. R. (2008). Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cadernos de Saúde Pública, 24(1), 17-27.

Gaulejac, V. (2007). Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. São Paulo: Ideias e Letras.

Lima, F. P. A. (2001). A formação em ergonomia: reflexões sobre algumas experiências de ensino da metodologia de análise ergonômica do trabalho. In C. Kiefer, I. Faga, & M. R. Sampaio (Orgs.), Trabalho, saúde e educação: um mosaico em múltiplos tons (pp.133-148). São Paulo: Fundacentro.

Lima, M. E. A. (2007). Trabalho e identidade: uma reflexão à luz do debate sobre a centralidade do trabalho na sociedade contemporânea. Educação & Tecnologia, 12(3), 5-9.

Lima, M. E. A. (2010). Réplica 2: réplica ao artigo “Tentativas de suicídio entre bancários no contexto de reestruturação produtiva”. Revista de Administração Contemporânea, 14(5), 949-955.

Lhuilier, D. (2012). A invisibilidade do trabalho real e opacidade das relações saúde-trabalho. Trabalho & Educação, 21(1), 13-38.

Lhuilier, D. (2013). Trabalho. Revista Psicologia & Sociedade, 25(3), 13-38.

Melo, E. M. C., Assunção, A. A., & Ferreira, R. A. (2007). O trabalho dos pediatras em um serviço público de urgências: fatores intervenientes no atendimento. Cadernos de Saúde Pública, 23(12), 3000-3010.

Miller, L. (2009). Doctors, their mental health and capacity for work. Occupational Medicine, 59(1), 53-55.

Paim, J. S. (2008). Modelos de atenção à saúde no Brasil. In L. Giovanela, S. Escorel, L. V. C. Lobato, J. C. Noronha, & I. A. Carvalho (Orgs.), Políticas e sistema de saúde no Brasil (pp.547-573). Rio de Janeiro: Fiocruz.

Schraiber, L. B. (2008). O médico e suas interações: a crise dos vínculos de confiança. São Paulo: Aderaldo & Rothschild.

Shen, L. L., Lao, L. M., Jiang, S. F., Yang, H., Ren, L. M., Ying, D. G. C., & Zhu, S. Z. (2012). A survey of anxiety and depression symptoms among primary-care physicians in China. The International Journal of Psychiatry in Medicine, 44(3), 257-270.

Wesley, A., & Gerada, C. (2013). When doctors need treatment: An anthropological approach to why doctors make bad patients. Retrieved December 13, 2015 from http://careers.bmj.com/careers/advice/viewarticle.html?id=20015402

Wood Junior, T., & Paula, A. P. P. (2010). O culto da performance e o indivíduo S.A. In A. Ehrenber (Org.), O culto da performance (pp.197-208). São Paulo: Ideias e Letras.

Yin, R. K. (2005). Estudo de caso: planejamento e métodos (3ª ed.). Porto Alegre: Bookman.

Downloads

Publicado

2023-03-07

Como Citar

CHIAVEGATO FILHO, L. G. (2023). A prática médica no Sistema Único de Saúde: quando uma atividade de trabalho pede socorro. Estudos De Psicologia, 34(1). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/estpsi/article/view/7520

Edição

Seção

SEÇÃO TEMÁTICA: PSICOLOGIA SOCIAL DO TRABALHO: UMA PERSPECTIVA CRÍTICA DE PESQUI