A importância da legitimação social na (re)construção da identidade de um alcoolista
Palavras-chave:
alcoolismo, família, identidade social, legitimação social, psicologia socialResumo
Este artigo busca compreender as dificuldades que um alcoolista encontra, mesmo estando abstêmio, para reconstruir sua identidade a partir de suas interações sociais. Para isso, foram utilizados conceitos de representações sociais e de identidade, da Psicologia Social. O sujeito deste estudo encontrava-se em tratamento ambulatorial em uma unidade de atendimento e pesquisa de uma universidade pública da cidade de São Paulo e vivenciava vários processos de recaída. Sua história de vida foi analisada a partir de entrevista, visando identificar processos sociais que influenciaram a formação de sua identidade. Os resultados apontam a importância do grupo social na indução do retorno ao comportamento aditivo, mesmo que de forma involuntária, dificultando sua emancipação pessoal e induzindo-o à reprodução de seu padrão aditivo. Uma melhor compreensão dessa dinâmica identitária poderá minimizar um problema crônico na recuperação dos dependentes químicos: a recaída.
Downloads
Referências
Almeida, O. P., Dractu, L., & Laranjeira, R. (1996). Manual de psiquiatria Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Baltieri, D. A. (2004). Tratamento farmacológico do alcoolismo São Paulo: Lemos.
Beck, A., & Wright, F. D. (2001). Cognitive therapy of substance abuse New York: Guilford Press.
Becker, H. S. (1999). Métodos de pesquisas em ciências sociais São Paulo: Hucitec.
Berger, P., & Luckmann, T. (1985). A construção social da realidade Petrópolis: Vozes.
Campos, E. A. (2004). As representações sobre o alcoolismo em uma associação de ex-bebedores: os ' Alcoólicos Anônimos'. Cadernos de Saúde Pública, 20 (5), 1379-1387.
Campos, G. M. (2003). Você tem sede de quê? Um olhar psicossocial na identidade de um alcoolista Pesquisa de Iniciação Científica não-publicada, Universidade São Marcos, São Paulo.
Carlini, E. A., Galduróz, J. C. F., Noto, A. R., & Nappo, S. A. (2002). I Levantamento domiciliar sobre uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 107 maiores cidades do país - 2001 São Paulo: Secretaria Nacional Antidrogas.
Ciampa, A. C. (1977). A identidade social e suas relações com a ideologia São Paulo. Dissertação de mestrado não-publicada, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Ciampa, A. C. (1990). A estória do Severino e a história da Severina São Paulo: Brasiliense, 1990.
Ciampa, A. C. (1994). Identidade. In S. T. M. Lane & W. Codo (Orgs.), Psicologia Social: o homem em movimento (pp.58-75). São Paulo: Brasiliense.
Dalla-Déa, H. R. F., Santos, É. N., Itakura, E., & Olic, T. B. (2004). A inserção do psicólogo no trabalho de prevenção ao abuso de álcool e outras drogas. Psicologia: Ciência e Profissão, 24 (1), 108-115.
Duvee, G. (1998). A construção da alteridade. In A. Arruda (Org.), Representando a alteridade Petrópolis: Vozes.
Edwards, G., & Dare, C. (1997). Psicoterapia e tratamento das adições Porto Alegre: Artes Médicas.
Edwards, G., Marshall, E. J., & Cook, C. C. H. (1999). O tratamento do alcoolismo: um guia para profissionais da saúde Porto Alegre: Artes Médicas Sul.
Ferreira, R. F. (2000). Afrodescendente: identidade em construção São Paulo: EDUC.
Focchi, G. R. A., Leite, M. C., Laranjeira, R., & Andrade, A. G. (2001). Dependência química: novos modelos de tratamento São Paulo: Lemos.
Galduróz, J. C. F., & Caetano, R. (2004). Epidemiologia do uso de álcool no Brasil. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26 (Supl. 1), 3-6.
Galduróz, J. C., Noto, A. R., & Carlini, E. A. (1997). IV levantamento sobre o uso de drogas entre estudantes de 1ş e 2ş Graus em 10 capitais brasileiras São Paulo: CEBRID.
Galduróz, J. C., Noto, A. R., Nappo, S. A., & Carlini, E. A. (2000). I Levantamento domiciliar nacional sobre uso de drogas psicotrópicas: Parte A - Estudo envolvendo as 24 maiores cidades do Estado de São Paulo - 1999. São Paulo: Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, Escola Paulista de Medicina.
Goffman, E. (1963). Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Hirata, E. S., Almeida, O. P., Funari, R. R., & Klein, E. L. (1997). Alcoholism in a geriatric outpatient clinic of São Paulo-Brazil. Int Psychogeriatr, 9 (1), 95-103.
Jodelet, D. (2001). As representações sociais Rio de Janeiro: Ed. UERJ.
Laranjeira, R., Nicastri, S., Jeronimo, C., & Marques, A. C. (2000). Consenso sobre a Síndrome de Abstinência do Álcool e o seu tratamento. Revista Brasileira de Psiquiatria,22 (2), 62-71.
Laranjeira, R., & Pinsky, I. (2001). O alcoolismo São Paulo: Contexto.
Laville, C., & Dionne, J. (1999). A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em Ciências Humanas Porto Alegre: Artmed.
Marlatt, G. A. (1999). Redução de danos: estratégias práticas para lidar com comportamentos de alto risco Porto Alegre: Artes Médicas Sul.
Marlatt, G. A., & Gordon, J. R. (Orgs.). (1993). Prevenção de recaída: estratégias de manutenção no tratamento de comportamentos adictivos Porto Alegre: Artes Médicas Sul.
Mattos, R. M., Castanho, M. I. S., & Ferreira, R. F. (2003). Contribuição de Vygostsky ao conceito de identidade: uma leitura da autobiografia de Esmeralda. Estudos e Pesquisas em Psicologia,3 (1), 119-137.
Micheli, D., & Formigoni, M. L. O. S. (2001). As razões para o primeiro uso de drogas e as circunstâncias familiares prevêem os padrões de uso futuro? Jornal Brasileiro de Dependências Químicas, 2 (1), 20-30.
Miller W. R., & Rollnick, S. (2001). Entrevista motivacional: preparando as pessoas para a mudança de comportamentos adictivos Porto Alegre: Artmed.
Moraes, E., & Figlie, N. B. (2004). Abuso de álcool, tabaco e outras drogas na adolescência. In N. B. Figlie, S. Bordin & R. Laranjeira (Orgs.), Aconselhamento em dependência química (pp.321-338). São Paulo: Roca.
Moscovici, S. (2003). Representações sociais. Investigações em psicologia social Petrópolis: Vozes.
Oliveira, M. K. (1993). Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um processo histórico São Paulo: Scipione.
Pechansky, F., Szobot, C. M., & Scivoletto, S. (2004). Uso de álcool entre adolescentes: conceitos, características epidemiológicas e fatores etiopatogênicos. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26 (Supl. 1), 14-17.
Queiroz, M. I. P. (1991). Variações sobre a técnica de gravador no registro da informação viva. São Paulo: T.A. Queiroz.
Ramos, S. P., & Bertolete, J. M. (1997). O Alcoolismo hoje. Porto Alegre: Artes Médicas.
Rigotto, S. D., & Gomes, W. B. (2002). Contextos de abstinência e de recaída na recuperação da dependência química. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 18 (1), 95-106.
Rodrigues, J. T., & Almeida, L. P. (2002) Liberdade e compulsão: uma análise da programação dos doze passos dos Alcoólicos Anônimos. Psicologia em Estudo, 7 (1), 113-120.
Silveira Filho, D. X. (1995). Drogas: uma compreensão psicodinâmica das farmacodependências São Paulo: Casa do Psicólogo.
Vaillant, G. (1999). A história natural do alcoolismo revisitada Porto Alegre: Artes Médicas.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Geraldo Mendes de CAMPOS, Ricardo Franklin FERREIRA
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
