Elaboração e evidências preliminares de validade da Escala de Percepção de Ameaça frente ao Doente Mental
Palavras-chave:
Transtornos mentais, Escala, PreconceitoResumo
A percepção de que pessoas com transtornos mentais representam uma ameaça pode embasar atitudes e comportamentos de exclusão social e um posicionamento contrário aos preceitos da Reforma Psiquiátrica. Nesse sentido, este artigo teve como objetivo reportar a elaboração da Escala de Percepção de Ameaça frente ao Doente Mental e as evidências preliminares de sua validade fatorial e consistência interna. Para tanto, foram realizados dois estudos: no Estudo 1, efetuou-se uma análise exploratória em uma amostra composta por 244 estudantes universitários com idades variando entre 17 e 56 anos (M = 22,98; DP = 5,61); e, no Estudo 2, procedeu-se a uma análise confirmatória em uma amostra de 247 estudantes universitários com idades variando entre 17 e 51 anos (M = 23,08; DP = 5,75). A escala final ficou constituída de nove itens agrupados em dois fatores – periculosidade e imprevisibilidade –, com boas propriedades psicométricas, podendo ser adequadamente utilizada para avaliar a percepção de ameaça frente ao doente mental.
Downloads
Referências
American Educational Research Association, American Psychological Association, & National Council on Measurement in Education. (2014). Standards for educational and psychological testing. Washington: Author.
Amorim, R. G., & Lavrador, M. C. C. (2017). A perspectiva da produção de cuidado pelos trabalhadores de saúde mental. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(2), 273-288. http://dx.doi.org/10.1590/1982-370300332015
Angermeyer, M. C., Matschinger, H., Carta, M. G., & Schomerus, G. (2014). Changes in the perception of mental illness stigma in Germany over the last two decades. European Psychiatry, 29(6), 390-395. http://dx.doi.org/10.1016/j.eurpsy.2013.10.004
Bardin, L. (2002). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Barros, C. M. D. L., Torres, A. R. R., & Pereira, C. R. (2017). Atitudes de estudantes de medicina face ao “Mais Médicos” revela favorecimento endogrupal. Psico, 48(1), 12-20. http://dx.doi.org/10.15448/1980-8623.2017.1.23871
Byrne, B. M. (2010). Structural equation modeling with AMOS: basic concepts, applications, and programming (2nd ed.). New York: Routledge.
Clark, L. A., & Watson, D. (1995). Constructing validity: basic issues in objective scale development. Psychological Assessment, 7(3), 309-319. http://dx.doi.org/10.1037/1040-3590.7.3.309
Damásio, B. F. (2012). Uso da análise fatorial exploratória em psicologia. Avaliação Psicológica, 11 (2), 213-228. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712012000200007
Dias, F. X. (2015). Representações sociais da doença mental construídas por profissionais da saúde (Dissertação de mestrado não-publicada). Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto.
Evans-Lacko, S., Henderson, C., & Thornicroft, G. (2013). Public knowledge, attitudes and behaviour regarding people with mental illness in England 2009-2012. The British Journal of Psychiatry Supplement, 202(55), 51-57. http://dx.doi.org/10.1192/bjp.bp.112.112979
Foucault, M. (2012). História da loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva (Originalmente publicado em 1978).
Fukuda, C. C., Penso, M. A., Amparo, D. M., Almeida, B. C., & Morais, C. A. (2016). Mental health of young Brazilians: barriers to professional help-seeking. Estudos de Psicologia (Campinas), 33(2), 355-365. http://dx.doi.org/10.1590/1982-02752016000200017
Garson, G. D. (2012). Structural equation modeling. Asheboro: Statistical Associates Publishers.
Horn, J. L. (1965). A rationale and technique for estimating the number of factors in factor analysis. Psychometrika, 30(1), 179-185. http://dx.doi.org/10.1007/BF02289447
Jodelet, D. (2005). Loucuras e representações sociais. Rio de Janeiro: Vozes.
Loureiro, L. M. J., Dias, C. A. A., & Aragão, R. O. (2008). Crenças e atitudes acerca das doenças e dos doentes mentais: contributos para o estudo das representações sociais da loucura. Revista de Enfermagem Referência, 2(8), 33-44. Recuperado de https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=388239955003
Maciel, S. C., Pereira, C. R., Lima, T. J. S., & Souza, L. E. C. (2015). Desenvolvimento e validação da Escala de Crenças sobre a Doença Mental. Psicologia: Reflexão e Crítica, 28(3), 463-473. http://dx.doi.org/10.1590/1678-7153.201528305
Matsunaga, M. (2010). How to factor-analyze your data right: do´s, don’t´s, and how-to´s. International Journal of Psychology Research, 3(1), 97-110. Retrieved from http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=299023509007
Melo, J. R. F. (2017). Preconceito flagrante e sutil frente à esquizofrenia: explicações com base em crenças causais e estereótipos (Tese de doutorado não-publicada). Universidade Federal da Paraíba.
Menegat, D. R. (2010). A desinstitucionalização do portador de doença mental e a reforma psiquiátrica brasileira. Revista do Ministério Público do RS, 66, 33-64. Recuperado de http://www.amprs.org.br/arquivos/revista_artigo/arquivo_1285763100.pdf
Mfoafo-M’Carthy, M., & Huls, S. (2014). Human rights violations and mental illness: implications for engagement and adherence. Sage Open, 4, 1-18. http://dx.doi.org/10.1177/2158244014526209
Monterrubio, C. (2015). The impact of spring break behavior: an integrated threat theory analysis of residents’ prejudice. Tourism Management, 54(2016), 418-427. Retrieved from https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S026151771530056X
Nata, G. (2011). Diferença cultural e democracia: identidade, cidadania e tolerância na relação entre maioria e minorias (Tese de doutorado não-publicada). Universidade do Porto.
Nee, C., & Witt, C. (2013). Public perceptions of risk in criminality: the effects of mental illness and social disadvantage. Psychiatry Research, 209(3), 675-683. http://dx.doi.org/10.1016/j.psychres.2013.02.013
Neto, P. M. R., & Avellar, L. Z. (2015). Identidade social e desinstitucionalização: um estudo sobre uma localidade que recebe residências terapêuticas no Brasil. Revista Saúde e Sociedade, 24(1), 204-216. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902015000100016
Nunnally, J. C. (1991). Teoría psicométrica. Cidade do México: Trillas.
Pacico, J. C., Hutz, C. S., Schneider, A. M. A., & Bandeira, D. R. (2018). Validade. In C. S. Hutz, D. R. Bandeira & C. M. Trentini (Org.), Psicometria (pp.71-83). Porto Alegre: Artmed.
Pereira, A., Pereira, C. R., & Monteiro, M. B. (2016). Normative pressure to reduce prejudice against homosexuals: the buffering role of beliefs about the nature of homosexuality. Personality and Individual Differences, 96, 88-99. http://dx.doi.org/10.1016/j.paid.2016.02.042
Pereira, C. R., & Souza, L. E. C. (2016). Fatores legitimadores da discriminação: uma revisão teórica. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 32, 1-10. http://dx.doi.org/10.1590/0102-3772e322222
Pereira, C. R., & Vala, J. (2011). A legitimação da discriminação em diferentes contextos normativos. In E. M. Techio & M. E. O. Lima (Eds.), Cultura e produção das diferenças: estereótipos e preconceito no Brasil, Espanha e Portugal (pp.363-404). Brasília: Technopolitik.
Pereira, C. R., Álvaro, J. L., & Vala, J. (2018). The ego-defensive role of legitimacy: how threat-based justifications protect the self-esteem of discriminators. Persomality and Social Psychology Bulletin, 44(10), 1473-1486. http://dx.doi.org/10.1177/0146167218771007
Pereira, C., Vala, J., & Costa-Lopes, R. (2010). From prejudice to discrimination: the legitimizing role of perceived threat in discrimination against immigrants. European Journal of Social Psychology, 40, 1231-1250. http://dx.doi.org/10.1002/ejsp.718
Pereira, C., Vala, J., & Leyens, J. -P. (2009). From infra-humanization to discrimination: the mediation of symbolic threat needs egalitarian norms. Journal of Experimental Social Psychology, 45, 336-344. http://dx.doi.org/10.1016/j.jesp.2008.10.010
Pescosolido, B. A., Medina, T. R., Martin, J. K., & Long, K. S. (2013). The “backbone” of stigma: identifying the global core of public prejudice associated with mental illness. American Journal of Public Health, 103(5), 853-860. http://dx.doi.org/10.2105/AJPH.2012.301147
Reppold, C., Gurgel, L., & Hutz, C. (2014). O processo de construção de escalas psicométricas. Revista Avaliação Psicológica, 13(2), 307-310. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S167704712014000200018&script=sci_abstract&tlng=es
Rosa, E. (2003). Do adoecimento psíquico à subjetividade que sofre: a importância da leitura sócio-histórica. In Conselho Federal de Psicologia (Org.), Loucura, ética e política: escritos militantes (pp.211-219). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Schlier, B., Schmick, S., & Lincoln, T. M. (2014). No matter of etiology: biogenetic, psychosocial and vulnerability-stress causal explanations fail to improve attitudes towards schizophrenia. Psychiatry Research, 215, 753-759. http://dx.doi.org/10.1016/j.psychres.2013.12.056
Serafim, R. C. N. S., Bú, E. A., Maciel, S. C., Santiago, T. R. S., & Alexandre, M. E. S. (2017). Representações sociais da reforma psiquiátrica e doença mental em universitários brasileiros. Psicologia, Saúde & Doenças, 18(1), 221-233. http://dx.doi.org/10.15309/17psd180118
Shimoguiri, A. F. D. T., & Costa-Rosa, A. (2017). A prática de atenção à saúde nos estabelecimentos psicossociais: efeitos do modo capitalista de produção. Psicologia USP, 28(3), 389-395. http://dx.doi.org/10.1590/0103-656420160123
Simoni, D., Lazarini, W. S., & Madureira, R. (2017). Saúde mental e o processo de gestão de serviços residenciais terapêuticos. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, 19(1), 101-107. Recuperado de http://www.periodicos.ufes.br/RBPS/article/viewFile/17724/12150
Sousa, P. F., Maciel, S. C., & Medeiros, K. T. (2018). Psychosocial x biomedical paradigm: where is the social representation anchored in psychic suffering? Temas em Psicologia, 26(2), 883-895. http://dx.doi.org/10.9788/tp2018.2-13pt
Sousa, S., Marques, A., Curral, R., & Queirós, C. (2012). Stigmatizing attitudes in relatives of people with schizophrenia: a study using the Attribution Questionnaire AQ-27. Trends in Psychiatry and Psychotherapy, 34(4), 186-197. http://dx.doi.org/10.1590/S2237-60892012000400004
Stephan, W. G., & Stephan, C.W. (2000). An integrated threat theory of prejudice. In S. Oskamp (Ed.), Reducing prejudice and discrimination (pp.23-46). Hillsdale: Lawrence Erlbaum.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Silvana Carneiro MACIEL, Luana Elayne Cunha de SOUZA, Tiago Jessé Souza de LIMA, Patrícia Fonseca de SOUSA, Cícero Roberto PEREIRA

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.