Racionalidades teórico-metodológicas no cuidado aos familiares de pessoas com transtornos por uso de álcool

Autores

  • Antonio Richard CARIAS Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Escola de Ciências da Vida, Programa de Pós- Graduação em Psicologia.
  • Tânia Mara Marques GRANATO Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Escola de Ciências da Vida, Programa de Pós- Graduação em Psicologia.

Palavras-chave:

Transtorno do abuso de álcool, Relações familiares, Prática profissional

Resumo

Objetivo
Este estudo objetiva compreender as racionalidades teórico-metodológicas que guiam práticas psicológicas de cuidado a familiares de pessoas com transtornos por uso de álcool.

Método
Para este estudo teórico-reflexivo realizamos uma busca sistemática de artigos de revisão de literatura para compreender as modalidades de intervenção, seus enquadres teórico-metodológicos e resultados clínicos ou eficácia. Na sequência, uma busca complementar de artigos e capítulos de livro foi conduzida a fim de mapear e analisar as práticas de cuidado profissional mais utilizadas, bem como seus pressupostos teóricos.
Resultados
Foram identificadas seis racionalidades teórico-metodológicas que guiam o raciocínio clínico do profissional em torno de conceitos-chave sobre o sofrimento emocional dos familiares: 1) estresse familiar; 2) dinâmica familiar; 3) déficit de repertório comportamental; 4) conduta codependente; 5) rigidez das defesas psíquicas; 6) potencialidade para a mudança psicológica.
Conclusão
A identificação dessas racionalidades auxilia o profissional no planejamento de suas práticas de modo crítico e informado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Abadi, F. K. A., Vand, M. M., & Aghaee, H. (2015). Models and interventions of Codependency treatment, Systematic Review. Journal UMP Social Sciences and Technology Management, 3(2), 572-583.

Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2017). Estilo clínico Ser e Fazer: resposta crítico propositiva a despersonalização e sofrimento social. Boletim – Academia Paulista de Psicologia, 37(92), 41-62.

Almeida, S. L., & Basseto, A. D. (2020). A clínica terapêutica na abordagem fenomenológico-existencial. Diaphonía, 6(1), 2446-7413.

Andolfi, M. (2018). A terapia familiar multigeracional: instrumentos e recursos do terapeuta. Artesã Editora.

Antunes, J. (2019). Estresse e doença: o que diz a evidência? Psicologia, Saúde e Doenças, 20(3), 590-603. https://doi.org/10.15309/19psd200304

Archer, M., Harwood, H., Stevelink, S., Rafferty, L., & Greenberg, N. (2019). Community reinforcement and Family training and rates of treatment entry: a systematic review. Addiction, 115(6), 1024-1037. https://doi.org/10.1111/add.14901

Barbosa, J. S., Costa, L. B. D., Camacho, A. C. L. F., & Correia, D. M. S. (2020). Meditation as a complementary practice in health for hypertensive. Research, Society and Development, 9(11), e819119549. https://doi. org/10.33448/rds-v9i11.9549

Bleger, J. (1984). Psicologia da Conduta. Artmed. (Original work published 1963).

Bortolon, C. B., Moreira, T. C., Signor, L., Guahyba, B. L., Figueiró, L. R., Ferigolo, M., & Barros, H. M. T. (2017). Six-Month Outcomes of a Randomized, Motivational Tele-intervention for chance in the codependent behavior of Family members of drug users. Substance Use & Misuse, 52(2), 164-174. https://doi.org/10.1080/10826084.2016.1223134

Carias, A. R., & Granato, T. M. M. (2020). A experiência de Rosa Vermelha no contexto do alcoolismo paterno. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 11(3), 116-137. https://doi.org/10.5433/2236- 6407.2020v11n3p116

Carias, A. R., & Granato, T. M. M. (2021). O sofrimento emocional de filhos de alcoolistas: uma compreensão psicanalítica winnicottiana. Psicologia: Ciência e Profissão, 41, e218542. https://doi.org/10.1590/1982- 3703003218542

Carpena, M. X., & Menezes, C. B. (2018). Efeito da meditação focada no estresse e mindfulness disposicional em universitários. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 34, e3441. https://doi.org/10.1590/0102.3772e3441

Carr, A. (2018). Couple therapy, Family therapy and systemic interventions for adult-focused problems: the current evidence base. Journal of Family Therapy, 41(4), 492-536. https://doi.org/10.1111/1467- 6427.12225

Carvalho, H. C. W., & Votto, G. G. (2019). Bem-estar psicológico e meditação: um estudo associativo. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 10(3), 60-75. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2019v10n3p60

Copello, A. G., Templeton, L., & Velleman, R. (2006). Family interventions for drug and alcohol misuse: is there a best practice? Current Opinion in Psychiatry, 19, 271-276. https://doi.org/10.1097/01. yco.0000218597.31184.41

Copello, A. G., Templeton, L., Orford, J., & Velleman, R. (2010a). The 5-Step Method: principles and practice. Drugs: Education, Prevention and Policy, 17(1), 86-99. https://doi.org/10.3109/09687637.2010.515186

Copello, A. G., Templeton, L., Orford, J., & Velleman, R. (2010b). The 5-Sep Method: evidence of gains for affected family members. Drugs: Education, Prevention and Policy, 17(1), 100-112. https://doi.org/10 .3109/09687637.2010.514234

Copello, A. G., Velleman, R., & Templeton, L. (2005). Family interventions in the treatment of alcohol and drug problems. Drug and Alcohol Review, 24, 369-385. https://doi.org/10.1080/09595230500302356

Cordeiro, K. P. A., Souza, L. L. G., Soares, R. S. M. V., Fagundes, L. C., & Soares, W. D. (2021). Alcoolismo: impactos na vida familiar. Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas, 17(1), 84-91. https://doi.org/10.11606/ isn.1806-6976.smad.2021.168374

Crenshaw, K. (2002). Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, 10(1), 171-188.

Epstein, E., & McCrady, B. (1998). Behavioral couples treatment of alcohol and drug use disorders: current status and innovations. Clinical Psychology Review, 18(6), 698-711. https://doi.org/10.1016/s0272- 7358(98)00025-7

Figlie, N. B. (2017). Entrevista Motivacional com Famílias. In R. Payá (Org.), Intervenções familiares para abuso e dependência de álcool e outras drogas (pp. 87-101). Roca.

Guilherme, I. T., & Pimenta, F. (2018). Meditação mindfulness e esclerose lateral amiotrófica (ELA): uma revisão de literatura. Psicologia, Saúde e Doenças, 19(1), 57-63. https://doi.org/10.13309/18psd190109

Haverfiel, M. C., Theiss, J. A., & Leustek, J. (2015). Characteristics of communication in families of alcoholics. Journal of Family Communication, 16(2), 111-127. https://doi.org/10.1080/15267431.2016.1146284

Hellum, R., Nielsen, A. S., Bischof, G., Andersen, K., Hesse, M., Ekstrom, C. T., & Bilberg, R. (2019). Community reinforcement and Family Training (CRAFT) – design of a cluster randomized controlled trial comparing individual, group and self-help interventions. BMC Public Health, 19(1), 1-10. https://doi. org/10.1186/s12889-019-6632-5

Hernández, D. N., & Martins, G. H. (2020). Bem-estar subjetivo em praticantes e não-praticantes de meditação. Interação em Psicologia, 24(1), 31-41.

Horta, A. L. M., Daspett, C., Egito, J. H. T. & Macedo, R. M. S. (2016). Vivência e estratégias de enfrentamento de familiares de dependentes. Revista Brasileira de Enfermagem, 69(6), 1024-1030. https://doi. org/10.1590/0034-7167-2015-0044

Iamamoto, M. V. (2018). “Questão Social” no Brasil: relações sociais e desigualdades. Conocimientos, 2(3), 27- 44.

Johnson, V. E. (1992). Chega de beber! Guia prático para o tratamento do alcoolismo. Vozes. (Original work published 1980).

Lee, C. E., Christie, M. M., Copello, A. G., & Kellet, S. (2012). Barriers and enablers to implementation of family-based work in alcohol services: a qualitative study of alcohol worker perceptions. Drugs: Education, Prevention and Policy, 19(3), 244-252. https://doi.org/10.3109/09687637.2011.644599

Magill, M., Mastroleo, N. R., Apodaca, T. R., Barnett, N. P., Colby, S. C., & Monti, P. M. (2010). Motivational interviewing with significant other participation: assessing therapeutic alliance and patient satisfaction and engagement. Journal of Substance Abuse Treatment, 39(1), 391-398. https://doi. org/10.1016/j.jsat.2010.07.006

McCrady, B. S., Tonigan, J. S., Ladd, B. O., Hallgren, K. A., Pearson, M. R., Owens, M. O., & Epstein, E. E. (2019). Alcohol Behavioral Couple Therapy: in-session behavior, active ingredients and mechanisms of behavior change. Journal of Substance Abuse Treatment, 99, 139-148. https://doi.org/10.1016/j. jsat.2019.01.018

McCrady, B. S., Wilson, A. D., Munõz, R. E., Fink, B. C., Fokas, K., Borders, A. (2016). Alcohol-Focused Behavioral Couple Therapy. Family Process, 55(3), 443-459. https://doi.org/10.1111/famp.12231

Melo, C. F., & Cavalcante, I. S. (2019). Codependency in family members of alcohol addicts. Revista Online Cuidado é Fundamental, 11, 304-310. https://doi.org/10.9789/2175-5361.2019.v11i2.304-310

Meyers, R. J., Miller, W. R., Hill, D. E., & Tonigan, J. S. (1998). Community reinforcement and Family training (CRAFT): engaging unmotivated drug users in treatment. Journal of Substance Abuse, 10(3), 291-308. https://doi.org/10.1016/s0899-3289(99)00003-6

Miller, W. R., & Rollnick, S. (2013). Motivational Interviewing: Preparing people for change. Guilford Press. (Original work published 1991).

Minuchin, S. (1982). Famílias: funcionamento e tratamento. Artes Médicas.

Moesgen, D., Ise, K., Dyba, J., & Klein, M. (2019). Evaluation of the mindfulness-augmented “Trampoline” programme – a German prevention programme for children from substance-involved families tested in a cluster-randomised trial. BMC Public Health, 19, e571. https://doi.org/10.1186/s12889-019-6875-1

O´Farrell, T. J., & Fals-Stewart, W. (2000). Behavioral couples therapy for alcoholism and drug abuse. Journal of Substance Abuse Treatment, 18(1), 51-54. https://doi.org/10.1016/s0740-5472(99)00026-4

Payá, R. (2017). Terapia Sistêmica para Dependência Química: enfoque familiar. In R. Payá (Org.), Intervenções familiares para abuso e dependência de álcool e outras drogas (pp. 67-86). Roca.

Peres, R. S., & Santos, M. A. (2018). Aconselhamento em grupo de apoio psicológico a mães de bebês prematuros: um estudo exploratório. Vínculo, 15(2), 42-56. https://doi.org/3c79c4f3165443f374c-3358

Schneider, D. R. (2010). Horizonte de racionalidade acerca da dependência de drogas nos serviços de saúde: implicações para o tratamento. Ciência & Saúde Coletiva, 15(3), 687-698. https://doi.org/10.1590/ s1413-81232010000300011

Schumm, J. A., O´Farrell, T. J., Murphy, M. M., & Muchowski, P. (2019). Efficacy of Behavioral Couples Therapy versus individual recovery counseling for addressing posttraumatic stress disorder among woman with drug use disorders. Journal of Traumatic Stress, 32, 595-605. https://doi.org/10.1002/jts.22415

Selbekk, A. S., Sagvaag, H., & Fauske, H. (2015). Addiction, families and treatment: a critical realist for theories that can improve practice. Addiction, Research & Theory, 23(3), 196-204. https://doi.org/10.3109/16 066359.2014.954555

Silva, R. M., Goulart, C. T., & Guido, L. A. (2018). Evolução histórica do conceito de estresse. Revista Científica Sena Aires, 7(2), 148-156.

Takahara, A. H., Furino, V., Marques, A. C., Zerbetto, S., & Furino, F. (2017). Relações familiares, álcool e outras drogas: uma revisão integrativa. Revista de Atenção Primária à Saúde, 20(3), 434-443. https://doi. org/10.34019/1809-8363.2017.v20.15999

Teixeira, E. P., Hoepers, N. J., Correa, S. M., Dagostin, V. S., & Soratto, M. T. (2015). O enfrentamento da família diante do alcoolismo. Revista Saúde e Comunicação, 11(3), 1-14.

Templeton, L., & Sipler, E. (2014). Helping children with the steps to cope intervention. Drugs and Alcohol Today, 14(3), 126-136. https://doi.org/10.1108/dat-03-2014-0015

Thomas, E. J., & Ager, R. D. (1993). Unilateral Family therapy with spouses of uncooperative alcohol abusers. In T. J. O`Farrell (Ed.), Treating alcohol problems: marital and Family interventions (pp. 3-33). Guilford Press.

Timko, C., Young, B., & Moss, R. H. (2012). Al-Anon family groups. origins, conceptual basis, outcomes, and research opportunities. Journal of Groups in Addiction & Recovery, 7(2-4), 279-296. https://doi.org/1 0.1080/1556035x.2012.705713

Tucci, B. F. M., & Oliveira, M. L. F. (2019). Repercussões do uso abusivo de bebidas alcoólicas nas relações familiares de trabalhadores da construção civil. Ciência, Cuidado e Saúde, 18(2), 1-8. https://doi. org/10.4025/cienccuidsaude.v18i2.42903

Varginha, E., & Moreira, A. (2020). Meditação e seus benefícios na promoção de saúde. Revista de Medicina de Família e Saúde Mental, 2(1), 13-21.

Wright, P. H., & Wright, K. D. (1991). Codependency: addictive love, adjustive relating, or both? Contemporany Family Therapy, 13, 435-454. https://doi.org/10.1007/BF00890497

Xavier, M. F., Gomes, A. M., Nunes, R. A., & Silva, M. C. R. (2015). Aspectos de funcionamento da personalidade de codependentes. Revista Sul-Americana de Psicologia, 3(2), 282-309.

Publicado

2023-10-17

Como Citar

CARIAS, A. R. ., & GRANATO, T. M. M. . (2023). Racionalidades teórico-metodológicas no cuidado aos familiares de pessoas com transtornos por uso de álcool. Estudos De Psicologia, 40. Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/estpsi/article/view/10016

Edição

Seção

PSICOLOGIA DA SAÚDE