Museologia da religião: exposições temporárias do Museu do Santuário de Fátima
Resumo
O ciclo de exposições temporárias organizado pelo Museu do Santuário de Fátima, no âmbito do programa de comemorações
do centenário das aparições marianas, entre 2010 e 2020, permite identificar uma série de premissas inerentes à museologia do
fenômeno religioso. A função catequética dessas exposições, justificada pela tutela eclesiástica do museu, é formalizada através
da interpretação do santuário e dos eventos religiosos ali ocorridos, sem perda de rigor na informação prestada e confirmando
a exposição como um dispositivo de comunicação e de educação não formal. A partir da observação direta das exposições
que constituem o objeto de estudo deste artigo, são analisadas as tipologias narrativas, a construção da identidade visual e os
modelos museográficos, cruzando os resultados com os conceitos de museologia da ideia e de descontextualização e ressignificação dos objetos (musealia), recolhidos na revisão da literatura em estudos de museu. O ciclo expositivo analisado valida o discurso museológico onde os componentes denotativos e conotativos se combinam de forma a potenciar diferentes leituras e
percepções. A museografia, descrita como meta-obra do discurso expositivo de temática religiosa, é aberta, no sentido em que
cria diferentes registos de informação e de interpretação dos conceitos expostos em função de um público que, embora essencialmente formado por peregrinos que visitam o santuário, é heterogêneo, com diferentes sensibilidades, crenças, interesses e conhecimentos prévios, mostrando-se eficaz, no entanto, na comunicação da mensagem de Fátima.
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