Ouro Preto, Vila (Des)Aparecida: a difícil relação entre o centro histórico e suas áreas de entorno

Autores

  • Vanessa Borges Brasileiro Universidade Federal de Minas Gerais
  • André Guilherme Dornelles Dangelo Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.24220/2318-0919v14n2a3884

Palavras-chave:

Áreas de entorno. Centros históricos. Ouro Preto. Universal Outstanding Values. Vila Aparecida.

Resumo

A condição urbana atual em diversos centros históricos brasileiros aponta para uma série de conflitos e contradições, seja de ordem teórica, seja de ordem operacional, que ameaçam a conservação do patrimônio edificado. Em Ouro Preto, cidade que recebeu o título de Patrimônio da Humanidade em 1980, estes problemas — ainda que não lhe sejam exclusivos, afligindo outros tantos centros históricos legalmente protegidos — ganham expressividade, em especial pela excepcionalidade dos bens ali existentes, cujo entorno desprovido de qualidade urbanística, arquitetônica e paisagística revela uma visão míope da teoria brandiana, em que a instancia histórica se sobrepõe, ou mesmo aniquila, o valor da instancia estética. Casos como o da Vila Aparecida, merecem a atenção dos especialistas, pois não somente apontam para uma inexistência/deficiência na elaboração dos planos de gestão, como consolidam uma pratica que caminha na contramão da experiência internacional, posto que desconstroem os valores universais excepcionais (Universal Outstanding Values) que motivaram um desejo de fazer permanecer formas geradas no passado. Discutir o problema da preservação dos centros históricos e a gestão das áreas de entorno e o objetivo deste ensaio.

PALAVRASCHAVE: Áreas de entorno. Centros históricos. Ouro Preto. Universal Outstanding Values. Vila Aparecida.

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Biografia do Autor

Vanessa Borges Brasileiro, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutora em História pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (2008), possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (1992), especialização em Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (1996), mestrado em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1999). Foi presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG) no ano de 2003 e é membro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS). Atualmente é Professor Adjunto IV da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em História da Arquitetura e Urbanismo e Técnicas Retrospectivas, atuando principalmente nos seguintes temas: projeto de arquitetura, intervenção em edificações históricas, patrimônio, preservação e arquitetura contemporânea. As principais publicações e pesquisas relacionam-se com os referidos temas.

André Guilherme Dornelles Dangelo, Universidade Federal de Minas Gerais

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (1994), especialização em Arte e Cultura Barroca pela Universidade Federal de Ouro Preto e em Patrimônio Construído pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, mestrado em Ciências da Arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998) e doutorado em História Social da Cultura pela Universidade Federal de Minas Gerais (2006). Atualmente é professor Associado da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Arquitetura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: arquitetura religiosa - barroco mineiro, restauro, preservação de centros históricos, conservaçao e reabilitaçao de edifícios de valor cultural e reabilitação de Centros Históricos. Suas pesquisas mais recentes têm convergido nos últimos anos nos últimos anos para a área de Cultura Arquitetônica e Trânsito de Culturas durante o século XVIII entre Brasil e Portugal, como também para o papel da Gestão Urbana nos Centro Históricos e o lugar do novo dentro dessas preexistências de valor histórico e cultural. Além de inúmeros artigos e capítulos de Livros apresentado em Congressos Nacionais e Internacionais, é autor ainda de três livros, entre eles : ?O Aleijadinho Arquiteto e outros Ensaios sobre o Tema?. Atuando na Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade desde 2007, a partir de 2010 tornou-se seu Superintendente Executivo, onde tem-se dedicado dentro outras atividades a implantação do Projeto Geral da Implantação do Campus Cultural da UFMG na cidade de Tiradentes e da parte de Restauração Arquitetônica vinculadas a esses projeto.

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Publicado

2017-09-06

Como Citar

Brasileiro, V. B., & Dangelo, A. G. D. (2017). Ouro Preto, Vila (Des)Aparecida: a difícil relação entre o centro histórico e suas áreas de entorno. Oculum Ensaios, 14(2), 257–273. https://doi.org/10.24220/2318-0919v14n2a3884

Edição

Seção

Dossiê Patrimônio Cultural Ibero-Americano