Áreas urbanas marginais e projetos experimentais: subjetividades subalternas e suas territorialidades em cidades do noroeste de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0919v14n3a3710Palavras-chave:
Cidades do Noroeste de São Paulo. Ferrovia. Lugares marginais. Territorialidades.Resumo
Muitas cidades do noroeste de São Paulo (Brasil), se desenvolveram com a chegada da ferrovia e tiveram grande prosperidade com a instalação de plantas agroindustriais próximas à linha férrea. No entanto, as sucessivas crises de matérias-primas — como o café e o algodão — e a falta de investimento na rede ferroviária brasileira levaram ao fechamento das fábricas e ao desmantelamento do transporte ferroviário. Em cidades como Presidente Prudente, Araçatuba, Birigui, São José do Rio Preto, Marília e Assis, porções das áreas centrais se converteram em interstícios urbanos sem destinação específica. Nestes locais, grandes galpões industriais, vilas de ferroviários em ruínas, estações de trem abandonadas, reservatórios d’água velhos e secos, antigas oficinas de locomotivas danosas e cemitérios de vagões de trem, agora são as folhas de um passado dourado e decadente, circunscrito no centro dessas cidades. Lugares marginais, com seus usos transgressores, ocupados, em sua maioria, por: andarilhos, pessoas sem-teto e usuários de drogas. Neste contexto, o trabalho tem sido a busca da cognição desses espaços por meio da leitura das pistas deixadas pelas subjetividades subalternas que habitam estas territorialidades. Para estudá-los, tentou-se fazer algumas montagens e desmontagens dessas áreas. “Representações” plurais, cartografias sensitivas, realizadas pelo método de investigação-ação — de uma maneira participativa e experimental — com os usuários do sítio; resultado de uma imersão no lugar pelo caminhar. Agenciamentos que fazem ver as áreas centrais dessas cidades desde uma perspectiva do “outro”; sensibilidades manifestas com distância do enfoque tradicional do planejamento urbano, das agendas governamentais e dos interesses do mercado. Um processo que se coloca em favor de um manifesto de uma nova urbanidade — de Histórias e das suas novas historicidades — capaz de conectar multiplicidades, de onde não se poderia separar, usos transgressores, usuários divergentes e uma paisagem infestada de contrastes. Aqui surge o conceito de “Arquitetura Marginal”, que poderia engendrar, por exemplo, ensaios na contracultura do espaço hegemônico. Isto é, projetos experimentais para as áreas e seus agentes dissidentes, talvez hábeis em gerar informação nova e novas ideias sobre o território e suas territorialidades.
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