Monopólio das águas
desmatamento, apropriação e urbanização em Ribeirão Preto, 1870-1950
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0919v22e2025a15083Palavras-chave:
Cafeicultura, História Urbana, História Ambiental, Nordeste PaulistaResumo
Este artigo apresenta aspectos da história da apropriação da paisagem natural e urbana do Nordeste Paulista, durante o ciclo da cafeicultura, através da referência de dois profissionais que atravessaram a região naquele período: Pierre Monbeig e Saturnino de Brito. Sem perder de vista a leitura desses personagens, o artigo realiza uma breve história da apropriação da natureza neste território, especialmente ocupado pelas fazendas ao redor da cidade de Ribeirão Preto, em duas etapas: (i) na expansão agrícola durante o ciclo cafeeiro, que se inicia em 1870 e se caracteriza como um movimento bastante radical de transformação da paisagem; (ii) na apropriação hidrográfica do território pela Empresa de Força e Luz. Nesse sentido, o artigo problematiza alguns processos da história ambiental desta região nos dois contextos que provocaram grande devastação do bioma de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica. Além disso, aponta as injustiças ambientais da infraestrutura urbana de saneamento gerida pela empresa dos acionistas cafeicultores, que constituíram um monopólio regional sobre o saneamento e a eletricidade. Assim, o resgate daqueles autores serve para demonstrar a força destrutiva deste ciclo econômico de exportação do café sobre a natureza, bem como para expor as injustiças ambientais geradas pelos processos de urbanização.
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