Percepção de velocidade do movimento biológico

mais resistente ao fenômeno de interferência?

Autores

  • Sandra MOUTA Universidade do Porto, Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores.
  • Jorge de Almeida SANTOS Universidade do Minho, Centro de Computação Gráfica, Departamento de Psicologia Básica & Centro Algoritmi.

Palavras-chave:

Efeitos de contraste, Percepção visual, Movimento

Resumo

O sistema visual humano é frequentemente referido como altamente preparado para extrair informação relevante de padrões de movimento biológico. Nesse sentido, este estudo analisa o efeito de contraste na percepção de velocidade. Os participantes realizaram o julgamento de velocidade numa situação na qual dois point-light walkers simultâneos foram apresentados com diferentes contrastes relativamente ao fundo e com diferentes velocidades de translação. Na Experiência 1, o movimento de translação biológico canônico foi comparado com o movimento de translação rígido, enquanto na Experiência 2 ele foi comparado com o movimento de translação biológico invertido. O padrão biológico canônico apresenta maior taxa de erro, tempos de reação mais elevados e maior vulnerabilidade ao efeito de contraste na percepção da velocidade do que o padrão rígido. No entanto, não foram encontradas diferenças significativas entre o estímulo canônico e o invertido. A Experiência 3 foi implementada com o objetivo de se controlar o papel das pistas posicionais na tarefa de julgamento de velocidade. Os pontos iniciais e finais da trajetória foram combinados de modo a que os point-light walkers mais rápidos e os mais lentos pudessem terminar o ensaio numa posição relativamente mais avançada ou atrasada. Apesar desta variação, o padrão de resultados foi congruente com as observações das Experiências 1 e 2. Aparentemente, os participantes realizaram julgamentos de velocidade factuais, ao invés do uso de pistas espaciais como uma espécie de referência ou comparação de posicionamento. Dado que a percepção dos padrões biológicos foi mais vulnerável aos efeitos de contraste, mas não foi afetada pela familiaridade, este estudo sugere que a percepção de movimento biológico e rígido poderá obedecer às mesmas regras computacionais, pelo menos em tarefas que envolvam padrões em translação e julgamentos de velocidade.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Anstis, S. (2001). Footsteps and inchworms: illusions show that contrast affects apparent speed. Perception, 30, 785-794.

Anstis, S. (2003). Moving objects appear to slow down at low contrasts. Neural Networks, 16, 933-938.

Atkinson, A. P., Dittrich, W. H., Gemmell, A. J., & Young, A. W. (2004). Emotion perception from dynamic and static body expressions in point-light and full-light displays. Perception, 33, 717-46.

Beardsworth, T., & Buckner, T. (1981). The ability to recognize oneself from a video recording of one’s movements without seeing one’s body. Bulletin of the Psychonomi Society, 18, 19-22.

Bertenthal, B. I., & Pinto, J. (1994). Global processing of biological motions. Psychological Science, 5, 221-225. Cutting, J. E., Moore, C., & Morrison, R. (1988). Masking the motions of human gait. Perception & Psychophysics, 44 (4), 339-347.

Dekeyser, M., Verfaillie, K., & Vanrie, J. (2002). Creating stimuli for the study of biological-motion perception. Behavior Research Methods, Instruments & Computer, 34 (3), 375-382.

Dittrich, W. H. (1993). Actions categories and the perception of biological motion. Perception, 22, 15-22.

Johansson, G. (1973). Visual perception of biological motion and a model for its analysis. Perception & Psychophysics, 14, 201-211.

Neri, P., Morrone, M. C., & Burr, D. C. (1998). Seeing biological motion. Nature, 395, 894-896.

Norman, J. F., Payton, S. M., Long, J. R., & Hawkes, L. M. (2004). Aging and perception of biological motion. Psychological Aging, 19, 219-225.

Pavlova, M., & Sokolov, A. (2000). Orientation specificity in biological motion perception. Perception & Psychophysics, 62 (5), 889-899.

Peli, E. (1990). Contrast in Complex Images. Journal of the Optical Society of America, 7 (10), 2032-2040.

Pollick, F. E., Paterson, H. M., Bruderlin, A., & Sanford, A. J. (2001). Perceiving affect from arm movement. Cognition, 82, B51-B61.

Pollick, F. E., Kay, J. W., Heim, K., & Stringer, R. (2005). Gender recognition from point-light walkers. Journal of Experimental Psychology: Human Perception and Performance, 31, 1247-1265.

Shipley, T. F. (2003). The effect of object and event orientation on perception of biological motion. Psychological Science, 14 (4), 377-380.

Stone, L. S., & Thompson, P. (1992). Human speed perception is contrast dependent. Vision Research, 32 (8), 1535-1549.

Sumi, S. (1984). Upside-down presentation of the Johansson moving light-spot pattern. Perception, 13 (3), 283-286.

Thompson, B., Hansen, B. C., Hess, R. F., & Troje, N. F. (2007). Peripheral vision: good for biological motion, bad for signal noise segregation? Journal of Vision, 7 (10), 1-7.

Thornton, I., Pinto, J., & Shiffrar, M. (1998). The visual perception of human locomotion across space and time. Cognitive Neuropsychology, 15, 535-552.

Troje, N. F. (2003). Reference frames for orientation anisotropies in face recognition and biological-motion perception. Perception, 32 (2), 201-10.

Troje, N. F., Sadr, J., Geyer, H., & Nakayama, K. (2006). Adaptation aftereffects in the perception of gender from biological motion. Journal of Vision, 6 (8), 850-857.

Westhoff, C., & Troje, N. F. (2007). Kinematic cues for person identification from biological motion. Perception & Psychophysics, 69, 241-253.

Downloads

Publicado

2011-12-31

Como Citar

MOUTA, S., & SANTOS, J. de A. (2011). Percepção de velocidade do movimento biológico: mais resistente ao fenômeno de interferência?. Estudos De Psicologia, 28(4). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/estpsi/article/view/9014