A noção fenomenológica de existência e as práticas psicológicas clínicas

Autores

  • Roberto Novaes de SÁ Universidade Federal Fluminense, Programa de Pós-Graduação em Psicologia.
  • Carmem Lúcia Brito Tavares BARRETO Universidade Católica de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica.

Palavras-chave:

Existência, Fenomenologia, Práticas psicológicas clínicas

Resumo

Este artigo apresenta o modo de ser do homem como “existência”, tal como elaborado por Heidegger em “Ser e Tempo”, como uma das contribuições mais fundamentais da fenomenologia para a psicologia clínica. A noção de “existência”, também relacionada às de “ser-aí” (Dasein) e “ser-no-mundo”, é compreendida como abertura originária ao ser dos entes, como pré-compreensão do ser enquanto tal, vinculada à condição de “estar-lançada” em uma facticidade temporal. Entende-se que a noção heideggeriana de “existência” demarca uma atitude clínica nitidamente diferenciada e oferece novas possibilidades de tematização dos fenômenos psicológicos e da prática clínica. As práticas psicológicas clínicas de perspectiva fenomenológica existencial, ao tomarem a experiência de si e do outro como “ser-no-mundo-com”, apresentam-se como espaços de cuidado/desvelamento dessas possibilidades de “ser-com” e não de um sujeito intrapsíquico.

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Publicado

2011-09-30

Como Citar

SÁ, R. N. de, & BARRETO, C. L. B. T. (2011). A noção fenomenológica de existência e as práticas psicológicas clínicas. Estudos De Psicologia, 28(3). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/estpsi/article/view/8919