Rivalidade fraterna durante a gestação materna do segundo filho:

manifestações e estratégias de manejo

Autores

  • Caroline Rubin Rossato PEREIRA Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia.
  • Doralúcia Gil da SILVA Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Desenvolvimento e Personalidade, Programa de Pós-Graduação em Psicologia.
  • Cesar Augusto PICCININI Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Desenvolvimento e Personalidade, Programa de Pós-Graduação em Psicologia.
  • Rita de Cássia Sobreira LOPES Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Desenvolvimento e Personalidade, Programa de Pós-Graduação em Psicologia.

Palavras-chave:

Ciúme, Irmãos, Relações familiares

Resumo

A rivalidade fraterna pode ser considerada uma experiência normal para as crianças. O presente estudo investigou as impressões maternas sobre a rivalidade fraterna expressa pelos primogênitos durante a gestação do segundo filho. Participaram do estudo 24 gestantes de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, que se encontravam no último trimestre de gestação e que possuíam um filho com idade entre dois a seis anos. Através de análise de conteúdo qualitativa, com base em uma entrevista semi-estruturada, chamou atenção a vasta presença de relatos de rivalidade fraterna. Esta manifestou-se através de ataques dirigidos ao irmão ou à barriga da mãe, do medo de perder o amor/atenção dos progenitores, e do medo de ter o seu espaço pessoal invadido. Como estratégias para lidar com a rivalidade, ao mesmo tempo em que se identificavam com os bebês, os primogênitos buscavam diferenciar-se destes, menosprezando suas capacidades. No que tange às mães, buscavam ensinar o primogênito a dividir, além de preservá-lo de sentimentos de ciúmes.

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Publicado

2023-04-14

Como Citar

PEREIRA, C. R. R., SILVA, D. G. da ., PICCININI, C. A. ., & LOPES, R. de C. S. (2023). Rivalidade fraterna durante a gestação materna do segundo filho: : manifestações e estratégias de manejo. Estudos De Psicologia, 32(4). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/estpsi/article/view/8307

Edição

Seção

PSICOLOGIA DA SAÚDE