Padrão de uso e possibilidade de cessação do consumo do crack

estudo transversal

Autores

  • Rogério Lessa HORTA Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.
  • Alexandre Dido BALBINOT Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.
  • Vanessa Andina TEIXEIRA Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.
  • Raquel Oliveira PINTO Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.
  • Grazieli Oliveira de OLIVEIRA Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.
  • Simone POLETTO Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.

Palavras-chave:

Abstinência, Cocaína crack, Drogas ilícitas, Transtornos relacionados ao uso de substâncias

Resumo

O objetivo desta pesquisa foi analisar a relação entre o padrão de consumo de crack nos últimos seis meses de uso ativo e a condição de abstinência ou não no momento das entrevistas. Trata-se de um estudo transversal com amostragem de conveniência, sendo que foram entrevistadas 495 pessoas entre os 14 e os 54 anos de idade. Foram estimadas razões de prevalência por Regressão de Poisson robusta para a condição abstinente por 12 semanas ou mais, segundo os padrões de consumo referidos, ajustando para sexo, idade, escolaridade, tempo desde o primeiro contato com a droga, uso de medicação e hospitalização em função do crack. Identificou-se associação entre o uso frequente e pesado e a cessação do consumo (RP 1,06 [IC95%: 1,01 - 1,12] p = 0,019). Esse achado amplia o leque de particularidades em relação ao crack e reforça os investimentos terapêuticos para todos os padrões de consumo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Bardin, L. (1995). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Beck, A. T., Ward, C. H., Mendelson, M., Mock, J., & Erbaugh, J. (1961). An inventory for measuring depression. Archives of General Psychiatry, 4(6), 561-571.

Carlini, E. A., Galduróz, J. C. F., Noto, A. R., & Nappo, S. A. (2002). I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 107 maiores cidades do país: 2001. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo.

Carlini, E. A., Galduróz, J. C. F., Carlini, C. M., Silva, A. A. B., Noto, A. R., Fonseca, A. M. F., & Sanchez, Z. M. (2006). II Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país: 2005. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo.

Chaves, T., Sanchez, Z. M., Ribeiro, L. A., & Nappo, S. A. (2011). Fissura por crack: comportamentos e estratégias de controle de usuários e ex-usuários. Revista de Saúde Pública, 45(6), 1168-1175.

Chen, K., & Kandel, D. B. (1998). Predictors of cessation of marijuana use: An event history analysis. Drug Alcohol Dependence, 50(2), 109-121. http://dx.doi.org/10.1016/s0376-8716(98)00021-0

Cunha, J. A. (2001). Manual da versão em português das Escalas Beck. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Cunha, P. J., Nicastri, S., Gomes, L. P., Moino, R. M., & Peluso, M. A. (2004). Alterações neuropsicológicas em dependentes de cocaína/crack internados: dados preliminares. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26(2), 103-106.

Dias, A. C., Araújo, M. R., & Laranjeira, R. (2011). Evolução do consumo de crack em coorte com histórico de tratamento. Revista de Saúde Pública, 45(5) 938-948.

Evans, J. L., Hahn, J. A., Lum, P. J., Stein, E. S., & Page, K. (2009). Predictors of injection drug use cessation and relapse in a prospective cohort of young injection drug users in San Francisco, CA (UFO Study). Drug Alcohol Dependence, 101(3), 152-157.

Falck, R. S., Wang, J., & Carlson, R. G. (2008). Among long-term crack smokers, who avoids and who succumbs to cocaine addiction? Drug and Alcohol Dependence, 98(1-2), 24-29.

Falck, R. S., Wang, J., Carlson, R. G., & Siegal, H. A. (2000). Crack-cocaine use and health status as defined by the SF-36. Addictive Behaviors, 25(4), 579-584.

Ferreira Filho, O. F., Turchi, M. D., Laranjeira, R., & Castelo, A. (2003). Perfil sociodemográfico e de padrões de uso entre dependentes de cocaína hospitalizados. Revista de Saúde Pública, 37(6), 751-759.

Fontanella, B. J. B., Luchesi, B. M., Saidel, M. G. B., Ricas, J., Turato, E. R., & Melo, D. G. (2011). Amostragem em pesquisas qualitativas: proposta de procedimentos para constatar saturação teórica. Cadernos de Saúde Pública, 27(2), 388-394.

Fontanella, B. J. B., Mello, G. A., Demarzo, M. M. P., & Turato, E. R. (2008). Percepção da síndrome de dependência por pacientes em tratamento. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 57(3), 196-202.

García de Jesús, M. C., & Ferriani, M. G. C. (2008). School as a “protective factor” against drugs: Perceptions of adolescents and teachers. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 16(n. esp.), 590-594.

Ghitza, U. E., Preston, K. L., Epstein, D. H., Kuwabara, H., Endres, C. J., Bencherif, B., & Gorelick, D. A. (2010). Brain mu-opioid receptor binding predicts treatment outcome in cocaine-abusing outpatients. Biological Psychiatry, 68(8), 697-703.

Gorelick, D. A., Kim, Y. K., Bencherif, B., Boyd, S. J., Nelson, R., Copersino, M., & Frost, J. J. (2005). Imaging brain mu-opioid receptors in abstinent cocaine users: Time course and relation to cocaine craving. Biological Psychiatry, 57(12), 1573-1582.

Horta, R. L., Horta, B. L., & Pinheiro, R. T. (2006). Drogas: famílias que protegem e que expõem adolescentes ao risco. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 55(4), 268-272.

Horta, R. L., Horta, B. L., Rosset, A. P., & Horta, C. L. (2011). Perfil dos usuários de crack que buscam atendimento em Centros de Atenção Psicossocial. Cadernos de Saúde Pública, 27(11), 2263-2270.

Hughes, A., Sathe, N., & Spagnola, K. (2009). State estimates of substance use from the 2006-2007 national surveys on drug use and health. Rockville: Office of Applied Studies, Substance Abuse and Mental Health Services Administration. (NSDUH Series H-35, HHS Publication nº SMA 09-4362).

Hyland, A., Li, Q., Bauer, J. E., Giovino, G. A., Steger, C., & Cummings, K. M. (2004). Predictors of cessation in a cohort of current and former smokers followed over 13 years. Nicotine & Tobacco Research, 6(Suppl.3), S363-69.

Ingersoll, K. S., Farrell-Carnahan, L., Cohen-Filipic, J., Heckman, C. J., Ceperich, S. D., Hettema, J., & Marzani-Nissen, G. (2011). A pilot randomized clinical trial of two medication adherence and drug use interventions for HIV+ crack cocaine users. Drug and Alcohol Dependence, 116(1-3), 177-187.

Irwin, K. L., Edlin, B. R., Faruque, S., McCoy, H. V., Word, C., Serrano, Y., & Holmberg, S. D. (1996). Crack cocaine smokers who turn to drug injection: Characteristics, factors associated with injection, and implications for HIV transmission. Drug and Alcohol Dependence, 42(2), 85-92.

Kessler, F., & Pechansky, F. (2008). Uma visão psiquiátrica sobre o fenômeno do crack na atualidade. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 30(2), 96-98.

Lam, W. K. K., Wechsberg, W., & Zule, W. (2004). African- American women who use crack cocaine: A comparison of mothers who live with and have been separated from their children. Child Abuse & Neglect, 28(11), 1229-1247.

Laranjeira, R., Madruga, C. S., Ribeiro, M., Pinsky, I., Caetano, R., & Mitsuhiro, S. S. (2012). II LENAD: Levantamento Nacional de Álcool e Drogas. São Paulo: Inpad.

Latkin, C. A., Mandell, W., & Vlahov, D. (1996). The relationship between risk networks’ patterns of crack cocaine and alcohol consumption and HIV-related sexual behaviors among adult injection drug users: A prospective study. Drug and Alcohol Dependence, 42(3), 175-181.

Lima-Costa, M. F., Firmo, J. O. A., & Uchôa, E. (2005). Differences in self-rated health among older adults according to socioeconomic circumstances: The Bambuí Health and Aging Study. Cadernos de Saúde Pública, 21(3), 830-839.

Lopes, C. S., & Coutinho, E. S. F. (1999). Transtornos mentais como fatores de risco para o desenvolvimento de abuso/dependência de cocaína: estudo caso-controle. Revista de Saúde Pública, 33(5), 477-486. Marques, A. C. P. R., & Cruz, M. S. (2000). O adolescente e o uso de drogas. Revista Brasileira de Psiquiatria, 22(2), 32-36.

Minayo, M. C. S. O. (2008). Desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde (11ª ed.). São Paulo: Hucitec.

Oliveira, L. G., & Nappo, S. A. (2008). Caracterização da cultura de crack na cidade de São Paulo: padrão de uso controlado. Revista de Saúde Pública, 42(4), 664-671.

Orsi, M. M., & Oliveira, M. S. (2006). Avaliando a motivação para mudança em dependentes de cocaína. Estudos de Psicologia (Campinas), 23(1), 3-12. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2006000100001

Rodrigues, M. A. P., Facchini, L. A., & Lima, M. S. (2006). Modificações nos padrões de consumo de psicofármacos em localidade do Sul do Brasil. Revista de Saúde Pública, 40(1), 107-114.

Rodrigues, V. S., Horta, R. L., Szupszynski, K. P. D. R., Souza, M. C., & Oliveira, M. S. (2013). Revisão sistemática sobre tratamentos psicológicos para problemas relacionados ao crack. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 62(3), 208-216.

Sanchez, Z. M., Oliveira, L. G., Ribeiro, L. A., & Nappo, S. A. (2010). O papel da informação como medida preventiva ao uso de drogas entre jovens em situação de risco. Ciência e Saúde Coletiva, 15(3), 699-708.

Schenker, M., & Minayo, M. C. S. (2005). Fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na adolescência. Ciência e Saúde Coletiva, 10(3), 707-717.

Sherman, S. G., Reuben, J., Chapman, C. S., & Lilleston, P. (2011). Risks associated with crack cocaine smoking among exotic dancers in Baltimore, MD. Drug and Alcohol Dependence, 114(2-3), 249-252.

Siegal, H. A., Li, L., & Rapp, R. C. (2002). Abstinence trajectories among treated crack cocaine users. Addictive Behaviors, 27(3), 437-449.

Tuller, N. G. P., Rosa, D. T. M., & Menegatti, R. P. (2007). Crack e os perigos de uma viagem sem retorno. Iniciação Científica Cesumar, 9(2), 153-161.

Downloads

Publicado

2023-03-21

Como Citar

HORTA, R. L., BALBINOT, A. D., TEIXEIRA, V. A., PINTO, R. O., OLIVEIRA, G. O. de, & POLETTO, S. (2023). Padrão de uso e possibilidade de cessação do consumo do crack: estudo transversal. Estudos De Psicologia, 33(2). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/estpsi/article/view/7882

Edição

Seção

PSICOLOGIA DA SAÚDE