O papel da rede de apoio a mães refugiadas
Palavras-chave:
Relação mãe-criança, Maternidade, Psicanálise, AbrigoResumo
Estudos recentes sobre a transição para a maternidade sugerem que a rede de apoio tem papel central na experiência materna e no desenvolvimento da relação mãe-bebê. Mulheres sem companheiro ou com difi culdades econômicas, bem como membros de minoria étnica ou recém-migrantes são algumas das condições que se sobrepõem às demandas da maternidade, criando um quadro de múltiplas vulnerabilidades. Este trabalho aborda a experiência materna de duas mulheres recentemente refugiadas no Brasil, a partir de sessões psicoterapêuticas na clínica winnicottiana transcultural oferecida em uma instituição de acolhimento a gestantes e mães. Observou-se que a solidão e o desamparo desafi am as competências maternas, enquanto a resiliência e o acolhimento adequado permitem a construção de uma rede de apoio que favorece a maternidade sufi cientemente boa. Nessa perspectiva, o profi ssional pode facilitar ou impedir que práticas maternas se orientem pelo referencial cultural de origem, enquanto a mãe se integra à cultura do país de acolhida.
Downloads
Referências
Aiello-Vaisberg, T. M. J., Machado, M. C. L., Ayouch, T., Caron, R., & Beaune, D. (2009). Les récits transférenciels comme presentation du vecú clinique: une proposition methodologique. In D. Beaune (Org.), Psychanalyse, Philosophie, Art: Dialogues (pp.39-52). Lille: L’Hamattan.
Alves, A. M., Ferreira, C. S., Martins, M. A., Silva, S. T., Auwerter, T. C., & Zagonel, I. P. S. (2007). A enfermagem e puérperas primigestas: desvendando o processo de transição ao papel materno. Cogitare Enfermagem, 12(4), 416-427.
Barclay, L., & Kent, D. (1998). Recent immigration and the misery of motherhood: A discussion of pertinente issues. Midwifery, 14, 4-9.
Behringer, J., Reiner, I., & Spangler, G. (2011). Maternal representations of past and current attachment relationships, and emotional experience across the transition to motherhood: A longitudinal study. Journal of Family Psychology, 25(2), 210-219.
Benjamin, W. (1992). O narrador: reflexões sobre a obra de Nikolai Leskov. In W. Benjamin, Sobre arte, técnica, linguagem e política (pp. 27-57). Lisboa: Relógio D’Água. (Originalmente publicado em 1936).
Bleger, J. (1984). Psicologia da conduta. Porto Alegre: Artes Médicas. (Originalmente publicado em 1963).
Bruner, J. (2004). Life as narrative. Social Research, 54(1), 691-710.
Brunton, G., Wiggins, M., & Oakley, A. (2011). Becoming a mother: A research synthesis of women’s views on the experience of first-time motherhood. London: EPPI Centre, Social Science Research Unit, Institute of Education, University of London. Retrieved May 12, 2015, from http://www.ioe.ac.uk/Becoming_a_mother_2011Brunton_Report.pdf
Cáceres-Manrique, F. M., Molina-Marín, G., & Ruiz- Rodríguez, M. (2014). Maternidade: um processo com diferentes nuances e construção de vínculos. Aquichan,14(3), 316-326.
Devereux, G. (2004). L’image de l’enfant dans deux tribus: Mohave et sedang et son importance pour la psychiatrie de l’enfant. In Maltraitance et cultures (pp.7-22). Bruxelles: Coordination de l’aide aux Victimes de Maltraitance.
Emmanuel, E., Creedy, D. K., John, W. St., Gamble, J., & Brown, C. (2008). Maternal role development following childbirth among Australian women. Journal of Advanced Nursing, 64(1), 18-26.
Flick, U. (2014). An introduction to qualitative research. Los Angeles: Sage.
Gonçalves, K. C., Costa-Vargens, O. M., Progianti, J.
M., & Spíndola, T. (2010). Vivenciando repercussões e transformações de uma gestação: perspectivas d gestantes. Ciência e Enfermagem, 16(2), 115-125.
Gottlieb, A. (2012). Tudo começa na outra vida: a cultura do recém-nascido no oeste da África. São Paulo: Fap-Unifesp.
Granato, T. M. M. (2000). Tempo de gestar: encontros terapêuticos com gestantes à luz da preocupação materna primária (Dissertação de Mestrado nãopublicada). Universidade de São Paulo.
Granato, T. M. M. (2004). Tecendo a clínica winnicottiana da maternidade em narrativas psicanalíticas (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo.
Granato, T. M. M., & Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2009). Maternidade e colapso: consultas terapêuticas na gestação e pós-parto. Paideia,19(44), 395-401.
Granato, T. M. M., & Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2011). Uso terapêutico de narrativas interativas com mães em situação de precariedade social. Psico, 42(4), 494-502.
Granato, T. M. M., Tachibana, M., & Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2011). Narrativas interativas na investigação do
imaginário coletivo de enfermeiras obstétricas sobre o cuidado materno [Número Especial]. Psicologia e Sociedade, 23, 81-89.
Leite, M., Rodrigues, D. P., Antonielly, A., Sousa, S., Melo, L. P. T., & Fialho, A.V. M. (2014). Sentimentos advindos da maternidade: revelações de um grupo de gestantes. Psicologia em Estudo, 19(1), 115-124.
Moro, M. R. (2010). Grandir en situacion transculturelle. Bruxelles: Éditions Fabert.
Moro, M. R. (2015). Psicoterapia transcultural da migração. Psicologia USP, 26(2), 186-192.
Nicolson, P., & Fox, R. (2010). Constructions of pregnant and postnatal embodiment across three generations. Journal of Health Psychology, 15(4), 575-585.
Ogden, T. H. (2005). On psychoanalytic writing. In T. H. Ogden. This art of psychoanalysis: Dreaming undreamt dreams and interrupted cries (pp.109-123). London: Routledge.
Oliveira, T. M. (2008). Atenção primária e consulta terapêutica: uma proposta de prevenção comunitária (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo.
Politzer, G. (1998). Crítica aos fundamentos da psicologia: a psicologia e a psicanálse. Piracicaba: Unimep. (Originalmente publicado em 1928).
Ramos, M. N. (2012). Migração, maternidade e saúde. Repertório, 18, 84-95.
Rapoport, A., & Piccinini, C. A. (2006). Apoio social e experiência da maternidade. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 16(1), 85-96.
Rogoff, B. (2005). A natureza cultural do desenvolvimento humano. São Paulo: Artmed.
Stake, R. E. (2011). Pesquisa qualitativa estudando como as coisas funcionam. Porto Alegre: Penso.
Wedel, H. E., Wall, M. L., & Maftum, M. A. (2008). Sentimentos da mulher na transição gestação-puerpério. Nursing, 11(126), 501-506.
Winnicott, D. W. (1975). Objetos transicionais e fenômenos transicionais. In D. W. Winnicott, O brincar e a realidade (pp.13-44). Rio de Janeiro: Imago.
Winnicott, D. W. (1984). Consultas terapêuticas em psiquiatria infantil. Rio de Janeiro: Imago.
Winnicott, D. W. (2000). A observação de bebês em uma situação padronizada. In D. W. Winnicott, Textos selecionados: da pediatria à psicanálise (pp.112-132). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1941).
Winnicott, D. W. (2000). Preocupação materna primária. In D. W. Winnicott, Textos selecionados: da pediatria à psicanálise (pp.491-498). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1956).
Wu, W., & Hung, C. (2015). First-Time mother psychiatric health status during the transition to motherhood. Community Mental Health Journal, 52(8), 937-943 http://dx.doi.org/10.1007/s10597-015-9892-2
Zanatta, E., & Pereira, C. R. R. (2015). “Ela enxerga em ti o mundo”: a experiência da maternidade pela primeira vez. Temas em Psicologia, 23(4), 959-972.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Michele Carmona ACHING, Tania Mara Marques GRANATO
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
