Campos semióticos em tensão entre adolescentes e agentes socioeducativos
Palavras-chave:
Psicologia do Desenvolvimento, Estigma Social, Medida SocioeducativaResumo
Objetivo
Este artigo visa apresentar, através da perspectiva da psicologia semiótico-cultural, uma concepção a respeito da semiosfera socioeducativa com foco nas crenças nutridas por agentes socioeducativos frente a si mesmos, seu trabalho e ao adolescente que delinquiu, partindo do pressuposto de que a compreensão das controvérsias, contradições e ambiguidades presentes na ação humana requer a identificação do sistema de valores pessoais e coletivos que orientam os agentes.
Método
Trata-se de um estudo qualitativo, que analisou enunciados construídos no âmbito de um curso de extensão do qual participaram oito agentes socioeducativos, todos de uma mesma unidade socioeducativa de internação no Distrito Federal, Brasil.
Resultados
Através da análise dos enunciados, foram privilegiados três temas os quais representam alguns dos campos semióticos em tensão na relação entre os agentes socioeducativos e os adolescentes em atendimento pela medida socioeducativa de internação: 1) Da identidade do agente socioeducativo: educador e/ou agente de segurança; 2) Segurança protetiva versus controle de corpos; e 3) Degradação simbólica e física do adolescente.
Conclusão
Identificou-se que há predomínio de práticas de trabalho mais comprometidas com a segurança do que com a educação dos adolescentes. Essa dinâmica foi compreendida a partir da crença de que os adolescentes são perigosos, deveriam ser contidos ou aculturados (intolerância assimilativa), até mesmo, eliminados (intolerância eliminatória). Dessa forma, conclui-se que ambas as formas de intolerância integram uma modalidade de violência simbólica que retira do adolescente os recursos semióticos que lhe permitiriam ressignificar sua trajetória de vida, o que pode tornar inócua a ação socioeducativa.
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